O que estamos assistindo: “A Guerra do Vietnã” da Netflix é 18 horas de inferno doloroso e necessário
PBS/Netflix
Documentários históricos são péssimos. Não porque são longos e chatos, mas porque são muito curtos, pouco informativos e cheios de histórias preguiçosas. Documentários ruins fazem a história parecer intangível, como se o passado fosse um conto de fadas com começo, meio e fim. Uma das poucas exceções, até onde sei, é The Vietnam War, de Ken Burn e Lynn Novick .
A Guerra do Vietnã começa reconhecendo que a história humana e a história da brutalidade são muitas vezes muito mais longas do que gostamos de imaginar. Começa em 1858, quase um século antes de os Estados Unidos entrarem no Vietnã, e cerca de 30 anos antes da área e seus habitantes serem formalmente colonizados pela França. A maioria dos documentários sobre o Vietnã começa na década de 1950 por causa de restrições de tempo, mas A Guerra do Vietnã é uma série de 18 horas, então tem bastante tempo para definir o cenário para nosso conflito de décadas.
Dito isso, a série documental poderia muito bem começar em 1500, no início do colonialismo ocidental. Qualquer pessoa familiarizada com a história dos EUA notará paralelos entre nossa guerra revolucionária e a luta do Vietnã contra a ocupação ocidental. Uma comparação não é explicitamente declarada no documentário, mas ei, você tem muito tempo para pensar durante as 18 horas de duração da Guerra do Vietnã.
Estou me adiantando? A Guerra do Vietnã é uma colaboração entre Ken Burns e Lynn Novick. Seus documentários históricos são conhecidos por serem super longos, detalhados e um pouco desmoralizantes. Qualquer um que se formou depois de 1990 provavelmente foi forçado a assistir a Guerra Civil na escola, e você provavelmente se deparou com um documentário de Ken Burns sobre Jack Johnson ou a história do jazz enquanto vasculhava o YouTube ou assistia à PBS.
Não fuja ainda! Ao contrário de A Guerra Civil, que é basicamente apenas um Powerpoint de 11 horas de duração, A Guerra do Vietnã apresenta imagens, fotos e clipes de áudio recém-restaurados. Por essa razão, pode ser o documentário de Ken Burns mais inebriante que eu já vi. Até mesmo a música psicodélica e as canções de protesto que sustentam a série documental contribuem para sua história, e elas parecem muito mais significativas quando acompanhadas pelas vozes e visões de seu tempo.
As canções de Jimi Hendrix falam por soldados e civis vietnamitas? Claro que não. Como sempre, A Guerra do Vietnã é um documentário da perspectiva da América. Mas, para seu crédito, a série documental apresenta novas entrevistas com historiadores vietnamitas, soldados do norte e do sul do Vietnã e civis que conseguiram sobreviver ao conflito.
Acredito que essas entrevistas carregam a documentação. Não apenas porque fornecem uma perspectiva que geralmente é ignorada, mas porque forçam os espectadores a ver em primeira mão os efeitos sociais e políticos da ocupação, violência e destruição cultural. Como as pessoas reagem quando estão famintas e controladas por uma potência estrangeira? O que acontece quando você escolhe os líderes políticos de um povo? E como essas lições refletem na política externa dos EUA na última década?
Essas perguntas podem ser fáceis de responder hoje, mas a água fica turva quando você dá uma boa olhada na complicada guerra no Vietnã. Eu gostaria de ter mais a dizer sobre a Guerra do Vietnã, mas não posso fazer justiça, então você terá que abri-lo na Netflix e assistir por si mesmo. Depois de alguns episódios brutais (e eles são muito brutais), você terá problemas para responder a perguntas que costumavam ser simples.